Ontem fui a uma festa popular, adorei, diverti-me imenso ao olhar para aquela imensidão de gente mergulhada numa felicidade total. Completamente livres, extasiados por poderem circular, conviver, abandonando os seus pertences e abancando onde quisessem, sem receios e medos de nada nem de ninguém.
Por umas horas, todos que estávamos ali, podemos nos abstrair do que se passava lá fora, no mundo real.
Parecíamos uns nómadas, parando aqui, olhando para acolá, vendo acenos, júbilos e momentos de alegria para onde quer que voltássemos a nossa atenção.
Tudo podia ter sido perfeito, se não tivesse visto entre essas gentes, um olhar, talvez o olhar que eu mais quisesse encontrar, desejando que este, mais do que todos os outros, irradiasse brilho, emoção, vida e felicidade. MAS encontrei-o vazio, desnudado, triste, abandonado, perdido, MORTO!
Gostei de ter ver, apesar de me ter custado imenso. Estar a teu lado e não poder fazer nada do que queria.
Enxaguar as lágrimas que contidas e tímidas hesitavam e temiam em rolar pelo teu rosto.
Afagar com as minhas mãos as mechas rebeldes e ondulantes que te cobriam os pensamentos que se querem desprender, cortar com as amarras que te prendem e te impedem de correr , até se esgotarem todas as tuas forças, para os braços daquele que ama.
Era apenas um gesto singelo e terno de pura compreensão pelo que estás a passar e uma forma de poder dar-te o que gostava de dar, mas que sei que não devo, nem posso. Dar-te um abraço, um mimo, um aconchego, um momento para que te esquecesses do sofrimento. Mas fui incapaz de tal gesto, por saber dos reflexos e consequências que teriam para mim. Foi a minha forma de me proteger, sabendo que fui totalmente egoísta!
Para o ano a festa continua e espero que os nossos olhares, mesmo que cruzados e não juntos estejam repletos de alegria.
04.102010
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