ACREDITEM EM MIM!
Esta é a forma mais directa e possível de o fazer.
Sinto que estou a passar pela, e não na vida. O tempo passa a uma velocidade veloz, inalcansável, irrecuperável! Toda a vida tenho tentado estar na borda d`água, na linha ténue, que me separa do escuro... profundo, submerso, embaciado...
Por vezes, ao tentar dar o salto para emergir à superfície, sinto algo que me ancora a um estado de inconsciência, algo talvez irreal, metafísico, mesmo até transcendente.
Tento arrumar o passado e seguir em frente, mas por cada passo que dou, sinto um Ente que me puxa quatro ou cinco vezes para trás. Tento explicar aos que me rodeiam e a mim mesma esse estado, através de uma busca incessante e torturosa da verdade, do conhecimento, da informação, que se revela, de cada vez que a toco, tão fugaz, tão insuficiente, até!
Nunca me sinto saciada, verdadeiramente absorta nas coisas, acreditanto que há sempre mais, que nada por si basta!
Como é meu hábito e alguns o corroboram, tudo em nós e ao nosso redor é cíclico...os comportamentos, os estados, as tendências, visíveis em pequenos detalhes como a moda, algo que não é assim tão pink..., tão shock..., tão superficial, como muitos de nós tantas vezes acreditamos!
Reflecte, apenas, épocas, passagens, momentos...
Mas se tudo é cíclico, não estaremos sempre a lutar contra uma corrente inversa? Voltando de cada vez a um estado embrionário? Valerá assim a pena lutar para se voltar sempre e de cada vez a um estado primário? Nunca progredindo? Nunca amadurecendo? Será então este o percurso certo? É que a par do progresso, da evolução do ser, vem sempre associado, todo o tipo de acção, repugnável e meritória até, envolvendo valores tão essenciais, como a humanidade, a essência, a massa, enfim o SER!
Caío em contradição ao dizer que... tenho estados de espírito revivalistas, saudosistas, tradicionais, em relação a pessoas, momentos, brincadeiras, sentimentos...
Não sei se hei-de caminhar em frente ou se valerá a pena dar uma volta de 360º, revisitando e permanecendo no passado, época, em que, por vezes acredito ter sido feliz...mas até nisso surge dentro de mim a estúpida e persistente dúvida que me coloca diante do dilema, terei algum dia tocado na felicidade? Desmoro-no-me por dentro, caío na ruína, perco-me, insacio-me...
Que fazer face a esta dualidade de seres?
Por vezes, o mais certo é submergir nas profundezas do meu estranho ser, quem sabe não residirá lá a resposta..., nesse ente, que a todo o momento me acorrenta a esse outro lado, a esse outro mundo, a esse outro EU!
Chega de escrever...não sinto luz, nem resposta. Mais uma vez e para sempre, sinto-me perdida!
Rolarei sempre pela vida em passo cansado...
" Não vou encher o mundo com as minhas dores, bem basta as dores do mundo"
27.10.09