quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Submersão


ACREDITEM EM MIM!

Esta é a forma mais directa e possível de o fazer.

Sinto que estou a passar pela, e não na vida. O tempo passa a uma velocidade veloz, inalcansável, irrecuperável! Toda a vida tenho tentado estar na borda d`água, na linha ténue, que me separa do escuro... profundo, submerso, embaciado...

Por vezes, ao tentar dar o salto para emergir à superfície, sinto algo que me ancora a um estado de inconsciência, algo talvez irreal, metafísico, mesmo até transcendente.



Tento arrumar o passado e seguir em frente, mas por cada passo que dou, sinto um Ente que me puxa quatro ou cinco vezes para trás. Tento explicar aos que me rodeiam e a mim mesma esse estado, através de uma busca incessante e torturosa da verdade, do conhecimento, da informação, que se revela, de cada vez que a toco, tão fugaz, tão insuficiente, até!
Nunca me sinto saciada, verdadeiramente absorta nas coisas, acreditanto que há sempre mais, que nada por si basta!

Como é meu hábito e alguns o corroboram, tudo em nós e ao nosso redor é cíclico...os comportamentos, os estados, as tendências, visíveis em pequenos detalhes como a moda, algo que não é assim tão pink..., tão shock..., tão superficial, como muitos de nós tantas vezes acreditamos!
Reflecte, apenas, épocas, passagens, momentos...

Mas se tudo é cíclico, não estaremos sempre a lutar contra uma corrente inversa? Voltando de cada vez a um estado embrionário? Valerá assim a pena lutar para se voltar sempre e de cada vez a um estado primário? Nunca progredindo? Nunca amadurecendo? Será então este o percurso certo? É que a par do progresso, da evolução do ser, vem sempre associado, todo o tipo de acção, repugnável e meritória até, envolvendo valores tão essenciais, como a humanidade, a essência, a massa, enfim o SER!

Caío em contradição ao dizer que... tenho estados de espírito revivalistas, saudosistas, tradicionais, em relação a pessoas, momentos, brincadeiras, sentimentos...
Não sei se hei-de caminhar em frente ou se valerá a pena dar uma volta de 360º, revisitando e permanecendo no passado, época, em que, por vezes acredito ter sido feliz...mas até nisso surge dentro de mim a estúpida e persistente dúvida que me coloca diante do dilema, terei algum dia tocado na felicidade? Desmoro-no-me por dentro, caío na ruína, perco-me, insacio-me...

Que fazer face a esta dualidade de seres?

Por vezes, o mais certo é submergir nas profundezas do meu estranho ser, quem sabe não residirá lá a resposta..., nesse ente, que a todo o momento me acorrenta a esse outro lado, a esse outro mundo, a esse outro EU!

Chega de escrever...não sinto luz, nem resposta. Mais uma vez e para sempre, sinto-me perdida!

Rolarei sempre pela vida em passo cansado...

" Não vou encher o mundo com as minhas dores, bem basta as dores do mundo"




27.10.09

2 comentários:

  1. Olá, vim visitar o teu bloge e gostei bastante. Apenas comento o que escreveste no texto acima, porque ainda não tive tempo de ler o resto. Num propósito de companheirismo, uma vez que sempre trilhei um caminho digamos, algo obscuro, deixo algumas linhas quanto à minha experiência.
    Alguém disse "O Caminho faz-se caminhando...". A dúvida faz parte do Ser, é positiva, é sinal que temos capacidade de questionar e de não aceitar tudo em "carneirada". Quando satisfeita, faz-nos avançar, evoluir e não estagnar. Mas é um momento de paragem e pausa necessária. Não é fácil sair de um ciclo vicioso, seja ele mental ou físico, mas o segredo, acredito que está cada vez mais em nós e não nos outros ou numa solução mágica. Numa descoberta sem medo, do todo que somos,em acreditar que temos uma missão, que tudo é transitório e por isso deve e pode ser vivido em pleno. Tem que haver algo maior do que nós, por mais inconcebível e incompreesível que sejam os seus propósitos (isto dito de uma forma não religiosa, mas espiritual). Quando desejamos muito algo, todo o universo conspira a nosso favor, se fôr para nosso bem. Tento acreditar nisso e têm-me ajudado. Beijocas. Nídia

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